Contratos de Parceria Empresarial: Riscos e Blindagem
Entenda os riscos jurídicos dos contratos de parceria empresarial e saiba como estruturar cláusulas de proteção para evitar conflitos e prejuízos futuros.
CONTRATOS
TMC
3/27/20253 min read


Um dos casos mais desafiadores que enfrentei como advogado empresarial envolveu dois sócios de empresas diferentes que firmaram uma parceria verbal para explorar um novo serviço digital. A operação cresceu rápido, o faturamento disparou — e o conflito veio junto. Sem contrato formal, cláusulas claras ou mecanismos de solução de impasses, a parceria virou litígio. E o que poderia ser um case de sucesso virou um pesadelo jurídico.
Parcerias empresariais são instrumentos poderosos para alavancar negócios. Mas quando firmadas de maneira informal ou com contratos genéricos, abrem espaço para disputas, riscos tributários, exposição patrimonial e até responsabilização penal.
O que é uma parceria empresarial?
Uma parceria empresarial ocorre quando duas ou mais empresas (ou empresários) se unem para explorar uma oportunidade de negócio em conjunto, compartilhando riscos, investimentos, lucros e, em alguns casos, responsabilidades legais.
Ela pode assumir formas diversas:
Cooperação entre marcas para desenvolver produtos;
Parcerias estratégicas de distribuição ou atendimento;
Acordos de comercialização conjunta ou licenciamento.
A grande questão: parceria não é sociedade. E essa distinção precisa ficar clara desde o contrato.
Riscos comuns em contratos de parceria
Muitos empreendedores não percebem os riscos até ser tarde. Entre os mais comuns:
Confusão entre sociedade e parceria: Sem cláusulas claras, a Receita ou o Judiciário pode entender que houve formação de sociedade de fato, gerando riscos tributários e trabalhistas.
Falta de delimitação de obrigações: Quando não está claro quem faz o quê, a responsabilidade pelos erros vira disputa judicial.
Compartilhamento de dados e infraestrutura sem acordo formal: Isso pode gerar vazamentos de dados, uso indevido de marca e acesso não autorizado a ativos.
Ausência de cláusulas de confidencialidade, não concorrência e exclusividade: O parceiro de hoje pode virar o concorrente amanhã — com base no que aprendeu na aliança.
Imprecisão na divisão de receitas e custos: Esse é o ponto que mais gera litígio — especialmente quando o sucesso chega.
Cláusulas que não podem faltar
Objeto claro da parceria: O que exatamente será feito em conjunto? Qual o produto, serviço, projeto?
Delimitação de responsabilidades: Cada parte deve ter seus deveres listados de forma objetiva, com metas, prazos e indicadores.
Modelo de remuneração e divisão de resultados: Como será a remuneração? Percentual? Fixo? Quando será apurado? Qual será o critério de auditoria?
Cláusula de confidencialidade: Evita o uso indevido de informações estratégicas.
Cláusula de não concorrência: Impede que, após o término da parceria, uma das partes explore diretamente o mesmo mercado, se for o caso.
Cláusula de vigência e rescisão: Define prazos, condições de saída, multas e hipóteses de encerramento.
Solução de conflitos: Preferência por métodos extrajudiciais, como mediação ou arbitragem — mais rápidos e técnicos.
O papel do compliance na parceria
Uma parceria pode gerar corresponsabilidade em casos de:
Lavagem de dinheiro;
Corrupção;
Fraude em licitações;
Infrações à LGPD.
Por isso, é fundamental que o contrato contenha cláusulas de:
Compliance empresarial;
Adoção de programa de integridade;
Boas práticas de governança e gestão de riscos;
Auditorias cruzadas e due diligence prévia.
Parceria sem compliance é convite ao risco.
Parceria não é informalidade
Muitas empresas ainda acreditam que, por não envolver sociedade, a parceria pode ser feita "no aperto de mão". Mas juridicamente, isso é abrir mão de proteção.
A formalização evita:
Interpretações subjetivas;
Disputas emocionais transformadas em ações judiciais;
Perdas patrimoniais e danos à reputação.
Um contrato bem feito é como um mapa: antecipa caminhos, evita armadilhas e facilita os ajustes.
O que observar antes de assinar
Antes de fechar qualquer contrato de parceria:
Avalie o histórico do parceiro: reputação, compliance, histórico jurídico e contábil;
Realize due diligence preventiva;
Consulte sua equipe jurídica sobre riscos ocultos;
Evite contratos genéricos ou “copiados da internet”.
Cada parceria tem nuances próprias — e exige um contrato sob medida.
Quem deve redigir o contrato?
Idealmente, um advogado especialista em contratos empresariais e com visão estratégica de negócios. O objetivo não é engessar a parceria — é torná-la mais forte, clara e protegida.
Empresas que prosperam juntas são aquelas que sabem unir propósito com responsabilidade, ambição com ética e colaboração com segurança. Um contrato de parceria empresarial bem estruturado não é uma formalidade — é o alicerce que sustenta o sucesso conjunto.
Se sua empresa já vivenciou uma parceria que deu certo (ou errado), compartilhe com a gente pelo e-mail contato@gestaolegal.com. Sua experiência pode ajudar outras empresas a evitar riscos e construir alianças saudáveis e duradouras.
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